quinta-feira, 14 de julho de 2011



Diante de minhas críticas muitas pessoas sempre me perguntam qual seria a minha proposta de cristianismo, já que tanto condeno e critico as formas de culto estabelecidas na atualidade. Há dias venho refletindo sobre esta pergunta, e em minha mente só conseguia meditar em um texto da bíblia que penso refletir perfeitamente a minha sensação:

1 Samuel 8: 4 -10 

Então todos os líderes de Israel se reuniram e foram falar com Samuel, em Ramá. Eles disseram: - Olhe! Você já está ficando velho, e os seus filhos não seguem o seu exemplo. Por isso, queremos que nos arranje um rei para nos governar, como acontece nos outros países. Samuel não gostou do pedido deles. Então orou a Deus, o SENHOR, e ele respondeu assim:
-Atenda ao pedido do povo. Não é só você que eles rejeitaram; eles rejeitaram a mim como Rei. Desde que eu os trouxe do Egito, eles sempre me têm abandonado e têm adorado outros deuses. Agora estão fazendo com você o que sempre fizeram comigo. Portanto, atenda ao pedido deles. Mas avise essa gente, explicando com toda a clareza como o rei vai tratá-los. Então Samuel explicou ao povo tudo o que o SENHOR lhe tinha dito. 

Sempre que me deparo com perguntas como estas, eu me indago por que é tão difícil para as pessoas aceitarem que a espiritualidade sadia não é regida por dogmas e liturgias? Porque não conseguimos aceitar que Deus quer ser o verdadeiro Rei em nossas vidas, algo pessoal e íntimo, participativo e sem intermediários ou facilitadores para representá-lo.
Lamentavelmente eu vejo uma triste realidade que se revela em perguntas como estas. Elas demonstram que as pessoas foram condicionadas, podendo-se dizer até, “viciadas’ pelos traficantes da fé. Pessoas estas que reduziram a maravilhosa mensagem de amor e reconciliação, tornando-a em uma terrível droga, a religião. Por mais que eles percebam que a forma como concebem os ensinamentos de Cristo estejam equivocadas, precisam desta droga, enfim, não conseguem sobreviver sem uma dose de penitências dominicais. 

A religiosidade é permeada de culpa, acusação, pecado, criando um ciclo tão voraz que prende as pessoas em rotinas constantes de pecado e penitências. O perdão se torna algo exclusivo do templo, ou seja, por freqüentá-lo, manifesto pelo intermédio da oração de um Pastor, Padre ou xamã. Estes percebendo o vício de tais flagelados os alimentam com novas doses de religião, fato tal que permite aos traficantes possuir um poder sobre a vida destes viciados, conduzindo-os a um desespero tão grande por perdão, que se tornam pessoas capazes de dar tudo por apenas mais uma dose. Não digo que a consciência de todos estes traficantes seja sofismada e cruel, pois grande parte deles também é vitima e viciada, então é fato que só administram os meios pelo qual também foram vitimados. 

Realmente são tempos ruins estes em que vivemos, pois quando se fala em um evangelho que torna livre a consciência humana é tido por heresia, e quando pregamos uma mensagem degradativa e aprisionadora chamamos de doutrina. Lamentavelmente chegamos há um tempo que as distorções são tão explicitas que chamamos este novo evangelho da religião de velho e apostólico e ao velho e simples evangelho atribuem o caráter de “novo” e libertino. Libertino por falar de amor, aceitação, igualdade. Libertino por criticar o dogmatismo, e pregar o perdão e a reconciliação, libertino por dizer que a graça esta acima do pecado, e que o inferno não compete a nós. 

Eu me considero um viciado em recuperação, pois de tudo o que a religião e seus dogmas proporcionam experimentei a fundo. Vi-me por anos preso em rotinas de pecado e perdão em um cativeiro dominical, nunca percebendo realmente Deus sem intermediários. Isso até o dia que influenciado pelos traficantes da Fé, tentei eu também traficar esta droga de evangelho. Mas pela graça de Deus, dei espaço em minha consciência à voz dos céus que me conquistou, e com um tapa de amor eu fui resgatado deste meio, para um caminho de liberdade. A modelo do texto de Samuel, os homens sempre vão querer os intermediários, aqueles que reinem e usufruam de seus bens e inocência. Isso porque são viciados, medrosos, fugitivos da vida, verdadeiros covardes que temem enfrentar as problemáticas da existência sem o conselho de um guru. Não querem um Deus reinando sobre eles, eles querem um rei, Um rei pastor, um rei padre, alguém que de a eles um governo humano organizado, a modelo das estruturas humanas.

Por coisas assim, falar em espiritualidade que nos rege por consciência para estes parece utopia e heresia, pois não conseguem encarar que Deus não precisa de homens para ser Deus. Um Deus que pisa em suas regras, um Deus que não age e nem vê como os homens, um Deus que julga pelo coração. Este Deus para eles é pouco dogmático, muito simples e descomplicado. Este Deus eles não querem.

Chamam-nos de libertinos por defendermos o direito ao amor divino para todo homem, mas se fazem de deuses condenando o mundo. Realizam verdadeiros jihads contra os que julgam infiéis, mas não temem se apropriar dos bens daqueles a que chamam de fiéis. Uma fidelidade mentirosa que rouba a vida, a família, atribuindo pecado ao sagrado e santidade ao profano. Estaria eu errado por criticar e negar-me a usar desta droga? 

Leandro Barbosa

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