Talentos

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada um segundo a sua própria capacidade. (Mateus 25:15).

A lição básica que podemos extrair da parábola dos talentos está relacionada a uma vida de serviço para o Reino de Deus. Neste serviço está implícita uma vida vitoriosa, cujo caráter foi transformado, uma vida onde se sobressaem as virtudes cristãs. Mas isso tudo vai depender do tipo de relação que nós, como servos, temos com o nosso Senhor.

A parábola nos adverte, também, que o nosso lugar e serviço no céu dependerão da fidelidade de nossa vida e serviço aqui na terra. Os talentos representam nossas aptidões, tempo, recursos e oportunidades para servir ao Senhor nesta vida.

Essas qualidades Deus considera como um legado seu, que nos foi confiado para que as administremos da maneira mais sábia possível. Cada um de nós tem a responsabilidade de empregar fielmente aquilo que recebeu do Pai. Todo crente recebe de Deus oportunidades, tempo e meios de viver para Cristo.

Os dois primeiros servos da parábola amavam ao seu Senhor, tinham com Ele um relacionamento de confiança. O Senhor acreditava neles, que o respeitavam e admiravam. Procuraram trabalhar com os talentos que Ele lhes deixou.

Quando o Senhor voltou, tinham o dobro, como fruto do trabalho das suas mãos. A produtividade deles estava ligada ao tipo de relacionamento que tinham com o Senhor. Já o terceiro servo, era um poço de amargura e ressentimento. Servia, trabalhava para o Senhor, mas, no fundo, não o amava, não acreditava nEle.

Esta Parábola encerra uma das mensagens mais solenes que o cristão precisa entender: o tipo de relacionamento que Deus quer ter com o ser humano. Às vezes nós nos unimos a uma Igreja pensando estar tornando-nos cristãos; no entanto, nunca descobrimos o que é cristianismo. Passamos a vida toda freqüentando uma igreja chamada cristã, mas nunca experimentamos o gozo da vida cristã.

Deus não quer escravos, quer filhos; seres humanos realizados, valorizados, amados, compreendidos. O que Deus teve com Adão e Eva foi um relacionamento de pai para filho. O medo surgiu quando o homem tentou fazer-se deus de sua própria vida, quando usou mal a liberdade que Deus lhe confiara. Porque parte do amor de Deus era a liberdade.

Se Deus, ao criar o mundo, não tivesse colocado diante do homem a possibilidade do mal, o ser humano não seria livre. Ele seria bom unicamente porque não existia a possibilidade de ser mau. Ele não teria liberdade de escolher. E, ouvindo a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. (Gn 3:8).

Então veio a grande pergunta que vemos no verso seguinte: E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: onde estás? (Gn. 3:9). Desde aquele dia a grande pergunta de Deus tem sido: onde está você? E aí vem a resposta do homem, escondido atrás da árvore, seminu, com vergonha, arruinado, quebrado por dentro, culpado, atormentado pela consciência: Senhor, tive medo e me escondi.

Num cristianismo sadio não pode haver lugar para o medo. Deus nunca desejou que no relacionamento que Ele tivesse com Seus filhos, existisse a palavra medo. O medo é fruto do pecado. Nos nossos dias, porém, o que está acontecendo é que em nome de Deus e da Igreja, muitos líderes religiosos, estão criando a religião do medo. Intimidam o rebanho com ameaças apocalípticas e toda sorte de profetadas.

Desde crianças aprendemos este conceito: se eu for bom, Deus me ama, se eu não for bom, Deus não me ama. Crescemos pensando assim. O inimigo é astuto! Ele faz você recordar todas as coisas erradas de seu passado. E você chega a conclusão de que está sofrendo porque Deus o está castigando, e que não adianta orar porque Ele não ouvirá a sua oração.

A religião do medo é a pior coisa que pode acontecer, porque Satanás vai fazer de tudo para levar você à uma vida de pecado e miséria. Você nunca pode se aproximar de Deus pelo medo. Se você se aproximar de Deus por medo, seu cristianismo não tem valor algum.

O terceiro servo da parábola não sabia que tinha medo de Deus. Ele pensava que era mais um servo, mais um membro da Igreja. Ele não estava consciente do conceito que tinha de Deus. Quando chegou o momento do ajuste de contas, ele, que recebera um talento, não tinha nada para devolver.

E foi aí que ele se confrontou com a sua realidade: não amava seu Senhor. Em sua opinião, o Senhor era injusto, colhia o que não havia plantado, cobrava o que não havia semeado. Disse: receoso, escondi na terra o teu talento. (Mt 25:25)

Qual é o tipo de cristianismo que você pratica? Você tem medo de Deus ou é atraído a Ele pelo seu maravilhoso amor? Que tipo de cristianismo lhe ensinaram? Cristianismo é um relacionamento de amor com Jesus. É apaixonar-se por Cristo, entregar-Lhe a vida. É estender sua mão para Ele e dizer: Senhor, guia meus passos pelos caminhos desta vida.

Deixo aqui algumas questões para reflexão: Você tem abrigado um sentimento de compaixão em relação àqueles que não conhecem Jesus? Qual tem sido o seu nível de entrega neste serviço? Quando Deus derrama do seu amor sobre a sua vida, naturalmente você quer retribuir da melhor forma possível.

Será que tem oferecido o melhor de si? Sua vida? Seu tempo? Seu serviço para Deus? Você tem valorizado os dons e talentos que Ele lhe deu? Será que você tem consciência de que é muito privilegiado em servir ao Senhor? O que tem sido prioridade para você nestes dias: as suas atividades, ou o seu serviço para Deus? Você tem renunciado coisas da sua vida para servir a Deus? Você tem servido ao Senhor por amor?

Medite nisso!

*Araripe Gurgel

Indiferença

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. (Romanos 1:21)

Num passado não muito distante, o crente era conhecido pelo seu vocabulário, pela forma de se vestir e pela sua ética. Hoje, o que vemos é um grande número de pessoas dizendo-se cristãs, mas vivendo sem nenhum compromisso com Deus, interessadas apenas em seu bem estar, correndo atrás da prosperidade, não para abençoar outros irmãos, mas porque estão pensando apenas em si mesmas.

Escândalo após escândalo relacionado a dinheiro e sua gestão no ambiente da chamada “fé”, aumenta o buraco da indiferença, do cinismo, da mornidão espiritual, do deboche, do escárnio, da irreverência e muitas vezes traz a morte da esperança.

A igreja atual, está cheia de um povo sem fidelidade a Deus, um povo sem Bíblia, sem compromisso com a verdade. O que muitos levam para a igreja são roupas, fotos e outros "amuletos" para alguém para “benzer”.

Conseqüentemente a igreja formada por este tipo de pessoas torna-se uma instituição sem doutrina, sem raízes, caracterizada pela rotatividade dos membros. A porta dos fundos acaba sendo maior que a da frente.

Vemos pessoas que pregam e vivem um evangelho sem conversão, um evangelho sem cruz, sem transformação de vida, sem santificação, enfim, um evangelho banalizado.

E a responsabilidade é da própria igreja, que baixa o preço da mercadoria. Para encher seus templos, muitos líderes não receiam em baixar o padrão, abrindo mão da ética, da sã doutrina e do compromisso com a verdade.

O resultado, só pode ser um evangelho totalmente insipiente, desmoralizado, desacreditado. Infelizmente o que vemos são pessoas que sequer são religiosas, mas possuem uma ética comportamental melhor que a de muitos cristãos.

O que vemos são empresários cristãos, dignos, evitando contratar seus “irmãos em Cristo”, em razão do mau testemunho que apresentam. Estes funcionários confundem o fato de que seu chefe, antes de ser seu irmão, é autoridade sobre eles e, ao invés de chegar para o trabalho e trabalhar de verdade, passam o dia andando de um lado para o outro, a pretexto de “evangelizar” seus colegas. Ficam “evangelizando”, lendo a Bíblia o dia todo e não produzem nada no trabalho para o qual foram contratados.

Jesus disse que o joio cresceria no meio do trigo. Tem joio demais na igreja de hoje. A liderança precisa tomar uma posição, voltar a refletir o temor de Deus.A liderança precisa voltar a profetizar “assim diz o Senhor” e não o que temos ouvido de muitos — “assim dizem os senhores”, grandes dizimistas ou detentores de algum tipo de poder natural.

A Igreja brasileira precisa resgatar com urgência a importância de sua voz profética. E essa voz começa com a palavra arrependimento. Foi a primeira palavra que saiu das bocas de Jesus, João Batista e Pedro, só para citar alguns exemplos. Também precisa resgatar sua ética. Deixar de se vender em troca de riquezas terrenas.

Ser pastor popular hoje dá ibope. Ele compra rádio, emissoras de TV e jornais e a igreja se transforma em fonte de riqueza. Jesus anteviu que seríamos odiados de todos por nossa atuação irrepreensível num mundo corrupto, mas não é o que vemos hoje. Ser crente hoje é moda.

Nós aprendemos desde cedo que a graça é favor imerecido. É algo que está para além das posses de nossas virtudes. Justamente por essa razão a graça é de graça. No entanto, na nossa idéia do que seja graça, enquadram-se apenas as felizes, fáceis saborosas e carismáticas manifestações das bênçãos de Deus sobre nós.

Nunca pensamos em graça como privilégio de sofrer. Todavia, também esta dimensão está presente na teologia do conceito de graça: “por que vos foi concedida à graça de padecerdes por Cristo, e não somente crerdes nele...” (Fp. 1:29).

Sem dúvida tal conceito não tem nada de convidativo e empolgante em si mesmo. Nosso mundo é a cada dia mais, patrocinador da idéia do não-sofrimento. Somos a sociedade do analgésico. A anestesia psicológica, existencial e social é a nossa maior medicina.

Boa parte da liderança e crentes de hoje, estão trocando seu direito de primogenitura por um prato de lentilha. São os vendilhões do templo, trocam o eterno pelo passageiro. A Igreja está adoecida, em razão de sua própria promiscuidade.

Precisamos devolver o lugar da Bíblia na Igreja. Mas Bíblia pura! Precisamos voltar à Palavra, precisamos de líderes que tenham coragem de dizer: isto é pecado! A igreja precisa ser uma igreja pura, que reflita o amor de Deus. Formada por verdadeiros redimidos, por gente comprometida com Deus, que ama mais a Cristo que a própria vida e não mais a própria vida que Cristo.

Que a indiferença sistêmica em relação ao pecado, seja extirpada do meio do Corpo de Cristo através da busca da santidade, tanto do homem, como da mulher de Deus.

Pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém! (Romanos. 1:25).


*Pastor Araripe Gurgel

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