A figura do pastor profissional: uma realidade de nossos dias!

segunda-feira, 22 de outubro de 2012



Seus movimentos são fria e milimetricamente calculados. Caminhar lento e passos firmes. Olhar penetrante, persuasivo, e fala convincente, com alternâncias de tonalidade e volume. Um levantar de mãos aqui, um soco no ar ali, e desse modo ele vai conduzindo a sua reunião "profética". Nada disso, no entanto, se dá antes que o grupo de louvor engendre a atmosfera emocional propícia, que tenha o condão de fazer fluir lágrimas pelo rosto dos ouvintes ou, ao revés, os conduza à visualização de uma situação de guerra, em marcha, muito bem delineada pelas películas retumbantes da bateria e pelos gestos efusivos das dançarinas. Ato dois: os fieis se encontram à sua mercê. Hipnotizados, anestesiados pela "unção" que parece emanar da epiderme do pregador. Transpiração, calafrios, choro e rajadas de línguas permeiam o ambiente. Até que, sob a orientação do pseudo-mensageiro, quão logo se dispersa a “atmosfera espiritual”, apanham a Escritura, abrem-na e leem um único versículo - quando não são desencorajados a abri-la. Tomam assento. Inicia-se a interminável digressão do pregador, sob um tema sempre curioso, intrigante ou cabalístico, que introduz a aura gnóstica de revelação só a ele acessível, por óbvio. O texto é o ponto de partida, mas não o de chegada; aponta a direção, mas interessam mais os desvios do caminho. Ao final do sermão, exclamam um e outro: "por dezenas de vezes li tal texto e nunca notei o aludido pelo pregador. Verdadeiramente ele é um homem ‘ungido’”! Não me refiro a Jonas Nightengale, o ficto evangelista protagonizado por Steve Martin em Fé demais não cheira bem, mas à figura do pastor — neopentecostal —  de nosso tempo.

Por conseguinte, apelo: pastor, exponha a Cristo crucificado, e não suas técnicas persuasivas de manipulação de massas. Já foi dito que o púlpito não é um local para discurso acerca de preferências e opiniões pessoais, para pirotecnias ou extravasar de megalomanias, mas para a fiel exposição da Sagrada Escritura.  Utilizar-se do momento de maior preeminência durante um culto público para turvar mais ainda a visão daqueles que já andam a tatear em um contexto cristão de absoluto analfabetismo bíblico é um atentado contra a obra do Senhor. A pregação do evangelho, no dizer de Calvino, é centro da vida e obra da igreja. Tal momento não serve de palanque para teatralidade ou demonstração de uma espiritualidade que mais estatui um sistema de castas, à semelhança do existente na Igreja Romana, levando as ovelhas a vislumbrar um “nível de intimidade com Deus” ao qual elas nunca chegarão. Entenda que os pregadores de maior destaque na história da igreja foram aqueles que não se apegaram a nenhuma forma de exibicionismo ou a subterfúgios psicológicos, antes se esvaziaram até que nada mais de si restasse. Compreenderam que, ao se apequenar, pela graça de Deus, poderiam se fazer hábeis instrumentos nas mãos do Senhor. Compreenderam que ao Senhor pertence a glória, no diapasão do dizer de C. H. Spurgeon, ao exprimir seu anseio como cooperador do Reino, nas seguintes palavras: “que eu seja sepultado em algum lugar silencioso, onde as folhas caem e os pássaros brincam e onde as gotas de orvalho brilham nos raios de sol; e se acaso tenha que ser escrito algo sobre mim, que seja o seguinte: "aqui jaz o corpo de um "João Ninguém", esperando pelo surgimento de seu Senhor e Salvador, Jesus Cristo". É necessário que Ele cresça e nós diminuamos (Jo 3:30).

Paulo, o abnegado apóstolo, ao pregar aos cristãos de Corinto deixou-lhes claro que não fez sobressaltarem os seus dons naturais como se o evangelho de Jesus se resumisse à ostentação de linguagem ou de sabedoria (1 Co 2:1), mas que não teve outro objetivo a não ser expor a Cristo e este crucificado (1 Co 2:2). O apóstolo não somente entendia o que estritamente lhe competia anunciar, como despenseiro que da obra de Deus, contudo também se encontrava imbuído até as entranhas por um santo temor por entender que sua incumbência não estava calcada em mérito pessoal, e sim na transbordante misericórdia proveniente de Deus (2 Co 4:1). A mensagem do evangelho não demanda muletas para que alcance plena eficácia, métodos mirabolantes que o façam mais atrativo para quem deseja uma religião que o faça lembrar-se de tudo que o agrada no mundo. E nesse itinerário tudo é permitido, sob a bandeira do pragmatismo: o importante são os resultados, não importando os meios.

O evangelho autêntico continua a ser o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. O pregador não necessita de lançar mão de outro meio a não ser a fiel exposição da Escritura. Ora, penso que se o evangelho se constituísse em algo alcançável mediante esforços intelectuais ou cognitivos, seria perfeitamente lícito ao homem, além de gloriar-se por seus próprios méritos, entupi-lo com toda a sorte de mecanismos psicológicos para arrebanhar uma gama de simpatizantes que sequer cogitam o porquê de poderem se declarar cristãos e de serem verdadeiramente salvos. Não é este, porém, o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual não atribui glória a homem algum, mas confere única e exclusivamente a Si mesmo, o Senhor da Glória, todo o louvor, majestade, domínio, aclamação, honra pelos séculos dos séculos. Não a nós Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e fidelidade (Sl 115:1).

Por Márcio Jones


Sola scriptura

Apologética, uma necessidade para o Evangelismo!

terça-feira, 16 de outubro de 2012



É indiscutível o fato da apologética se tornar cada vez mais necessária para a proclamação da Palavra de Deus. Apologética não consiste apenas em defender a fé cristã, mas também em anunciá-la ou servir como um instrumento indispensável para esta anunciação. A apologética sem o evangelismo é praticamente vã e o evangelismo sem a apologética se torna cada vez mais ineficaz.

A simples defesa do cristianismo é inútil quando não temos posteriormente a essencial proclamação da Palavra. A defesa é útil para a proclamação e deve estar intimamente relacionada a esta última. É preciso entender o quanto à apologética é útil, mas também o quanto ela pode se tornar inútil quando não utilizada de forma correta.

O apologista cristão Francis A. Schaeffer dizia que o homem moderno, quase em sua totalidade, está tomado pelo relativismo. O pensamento moderno mudou drasticamente o homem e para tanto se torna imprescindível que as formas de evangelismo também sofram intensas mutações. Uma destas mutações é aliar-se forçosamente a apologética.

O relativismo a que Schaeffer se referia pode ser verificado na prática. Estou evangelizando uma jovem de 21 anos, ela diz que todas as coisas etéreas que formam o homem, tais como moral e sentimentos, tem fundamentação orgânica.

Este pensamento conduz necessariamente ao relativismo, pois reduz a moral a um mero mecanismo orgânico (como um hormônio, por exemplo), e pensando assim existe uma relativização do certo e do errado. O homem é reduzido a um ser impessoal e suas atitudes não são essencialmente certas ou erradas, mas indicam sua necessidade de sobrevivência. Como na selva os animais lutam pelo seu espaço (e não precisam se culpar se matam um ao outro para conquistar seus objetivos), os homens também não precisam se culpar se passam por cima do seu próximo – isso é inclusive necessário para a manutenção da raça humana.

A minha pergunta é a seguinte: como é possível simplesmente evangelizar uma pessoa assim? O evangelismo puro e simples neste caso não surtirá muito efeito, pois a mente desta jovem está tomada pelo relativismo. Se ela não diferencia o certo e o errado, simplesmente dizer a ela que Cristo morreu em seu lugar se torna algo incompleto e ineficaz. Aqui nasce a apologética, enquanto uma ferramenta eficaz para o evangelismo.

No caso desta jovem, preciso prová-la que somos munidos sim de uma moral, que está longe de ser um mecanismo puramente orgânico, e para tanto necessito da apologética. Preciso defender racionalmente minha fé e mostrá-la como seu pensamento está baseado na irracionalidade. A partir daí será possível evangelizar, sem estar falando ao vento.

Insisto novamente que a apologética é importante, mas que deve ser seguida do evangelismo, ou tudo volta à estaca zero. A apologética deve fazer parte do processo evangelístico, e precisa contar para tanto com o essencial auxílio do Espírito Santo.

É imprescindível preparar a nova geração para evangelizar utilizando-se da apologética. A cada evolução da ciência, a cada nova filosofia, o homem se afasta mais da realidade da Palavra de Deus. A ciência vai se multiplicando e a amor se esfriando. Cabe a nós, como cristãos, defender e comunicar o Evangelho transformador nos adaptando as inevitáveis transformações do mundo.

Por - Denis Monteiro

Fraudes Espirituais - A Igreja em Células

terça-feira, 2 de outubro de 2012


A Igreja em Células é apresentada como uma revivescência da igreja primitiva. Seus proponentes criticam a igreja organizada, do mesmo modo como nós o fazemos. Eles falam da igreja primitiva e afirmam estar de volta às suas raízes. Será que isso é verdade ou se trata apenas de uma sutil e fraudulenta imitação? Como é possível saber qual a diferença que existe entre as duas?


Os co-pais do moderno Movimento da Igreja em Células são Juan Carlos Ortiz e David Yong Cho, da Argentina e Coréia do Sul, respectivamente. [Nota da tradutora: Há quem diga que o atual "David", que antes se chamava "Paul", mudou o seu nome porque "Paul" significava apenas o nome do maior apóstolo de Cristo, enquanto "David" representa o Rei a quem de direito pertence, eternamente, o trono de Israel]. O movimento foi popularizado nos EUA por Ralph Neighbors, Carl George e outros. Conforme veremos mais tarde, ele está estreitamente ligado aoMovimento dos Apóstolos e Profetas. Discutiremos cada um destes, logo mais, para termos uma visão mais aproximada da estrutura da Igreja em Células.




Raízes do Apascentamento/Discipulado e do Pensamento Positivo


Juan Carlos Ortiz deu início às igrejas em células nos passados anos 1960/70. A ele dá-se o crédito de ter deslanchado o movimento de apascentamento e discipulado nos EUA, quando introduziu os seus ensinos de discipulado aos proponentes, mais tarde conhecidos como Fort Luderdale "Five". Ele declara que cada pessoa precisa estar sob a autoridade de alguém. Sua primeira lei no discipulado é: "Não existe formação sem submissão" e a segunda: "Não existe submissão sem submissão" ("Disciple", Juan Carlos Ortiz, ps. 111,113). Ele esclarece isto, dizendo: "Somente quando estou na linha é que a autoridade pode passar de mim para os outros... Quem quiser ter o direito de controlar os outros, precisa estar, ele mesmo, sob o controle de outros" (Ibid, os. 113,114). Ele ressalta uma estrutura, na qual os comandos para o corpo fluem "do alto, através do meio, para a extremidade inferior" (Ibid, p. 125). Não seria essa uma errônea analogia da nossa anatomia? Os comandos não fluem da nossa cabeça, através do pescoço, do coração, do estômago, das pernas e dos pés para movimentar os artelhos. Existe uma conexão direta entre a cabeça e os artelhos. Não existe hierarquia no corpo. Cada membro é conectado, através do sistema nervoso, à "cabeça". Eis aqui a exata diferença entre a Antiga e a Nova Aliança. A Antiga era exterior, organizacional e hierárquica, enquanto a Nova é orgânica, embasada no relacionamento de cada um de nós com Deus.

Outra doutrina fundamental de Juan Carlos Ortiz é o ofício de "apóstolos", na igreja moderna. "O Novo Testamento não fala constantemente da doutrina de Jesus, mas da doutrina dos apóstolos. Eles eram infalíveis." Esta pode ser uma doutrina católica e tenho dúvidas de que os apóstolos iriam concordar com a mesma. Lembre-se deste conceito, quando chegarmos ao capítulo 10, sobre "Apóstolos, Profetas e Submissão". Ele conclui com a idéia de "uma igreja, uma cidade", na qual todos os pastores da cidade são co-pastores de uma igreja (Ibid, os. 128,129). É a tentativa de manter os cristãos de uma cidade sob o comando de um grupo de "super-anciãos", consistindo de apóstolos auto-nomeados sobre os pastores e o laicato dessa cidade. A base do Movimento da Igreja em Células é uma interpretação não bíblica da submissão, na qual cada pessoa deve estar sob ou sobre o comando de outra. Discutiremos isso com mais profundidade no próximo capítulo. Ora, o pastor hispânico, atualmente, na Catedral de Cristal de Robert Schüller, trabalhando de mãos dadas com este, é Juan Carlos Ortiz. Para quem é iniciante e achar que Schüller é apenas um apóstata, vejamos: "O falso ensino de Schüller é um assunto extremamente sério, à luz de sua ampla influência. Ele é o mais popular em sua difusão pela TV na América. Seus livros são vendidos aos milhões. Ele aparece ao lado de presidentes. O seu 'Cristianismo da auto-estima' tem sido adotado por multidões. Elas acham que são cristãs e freqüentam igrejas; porém, na realidade, adoram um falso cristo e seguem um falso evangelho. Roberto Schüller e o seu mentor, o falecido Norman Vincent Peale, são dois entre os mais danosos promotores do erro". (http://rapidnet.com/~jbeard/bdm/expose/schuller/). Acesse este website, para ler uma exposição mais completa do assunto supra.

A Igreja em Células de maior sucesso e, sem comparação, reputada como a maior do mundo, fica em Seul, Coréia do Sul, a qual lidera um milhão de membros. David Yon Cho também está estreitamente vinculado ao Movimento Positivo de Robert Schüller, englobando curas miraculosas, profecia, visualização, teologia da prosperidade e outras práticas pentecostais. "O ensino de Cho é um sistema da mente dominando a matéria (ou então da imaginação dominando a matéria). Ele admite francamente ser essa uma versão cristianizada dos métodos praticados pelos budistas, expoentes da Yoga e seguidores de outros sistemas pagãos, místicos e ocultistas... Sobre o pensamento positivo (confissão), Cho declara: 'Você pode criar a presença de Jesus com a sua boca... Ele pode ser aprisionado pelos seus lábios e pelas suas palavras...'" Quanto à visualização, a técnica, mais poderosa do ocultismo, Cho escreve: "Através da visualização e do sonho, você pode incubar o seu futuro e conseguir os resultados" (Para obter mais detalhes, acesse o site:
http://www.rapidnet.com/jbeard/bdm/exposes /cho/general/htm
).

Cho ensina que a chave do sucesso se encontra no pensamento positivo, na visualização e no falar, para que se dê origem à realidade física. Isso não é Cristianismo. É pura bruxaria!

Cho declara: "Nossa Igreja tornou-se um organismo vivo, no qual as células são vivas, funcionando identicamente às células do corpo humano. Em um organismo vivo as células crescem e se dividem. Onde antes existiu uma célula, agora existem duas. Depois haverá quatro, oito, dezesseis e assim por diante. Elas são simplesmente acrescentadas ao corpo numa progressão geométrica". ("Successful Home Cell Groups", David Yong Cho, p. 65).

A Igreja de Cho não é uma rede de igrejas domésticas, porém uma igreja dividida em células, com uma rígida liderança hierárquica e compulsórios serviços semanais. Ela se encaixa mais no modelo da Meta-Igreja de Rick Warren, a Igreja de Saddleback.



Uma estrutura em pirâmide - Controle e mais controle


Conforme veremos, as igrejas em células são todas elas estruturas piramidais, onde os líderes aprendizes são cuidadosamente reinados e monitorados apenas sob a liderança de outro líder e do "staff" da igreja. Embora afirmem seguir os métodos do "Novo Testamento", elas são mais rígidas e autoritárias do que as estruturas tradicionais que temos hoje. O famoso consultor de "Crescimento da Igreja" Carl F. George, descreve os sistemas "Jetro I e Jetro II", cujos nomes derivam do sistema instituído por Moisés com os "juízes da lei". Ele começa com o indivíduo, seguido pelos líderes aprendizes, o líder do grupo de células, o líder de dez, o líder de cinco grupos de dez, o líder de 100 e o de 500. A falha neste caso é que a forma organizacional do Antigo Testamento, incluindo o Templo e o sacerdócio, foram descartados pela Nova Aliança. [Nota da Tradutora: Todo criador de novidades no Cristianismo atual tende a se embasar no Antigo Testamento e no Gnosticismo, pois o NT não dá margem a esses engodos].

Os pastores desenvolvem uma hierarquia clerical e líderes leigos, numa organização que pode ser desenhada num mapa chamado "Meta-Mapa". "O hábil uso do 'Meta-Mapa' permite que o "staff" e os escritórios entendam como são configuradas as suas igrejas, de modo a que possam movimentar fatores críticos importantes, como, por exemplo, onde se encontram os líderes e líderes em potencial, as novas pessoas, como os visitantes estão sendo tratados e onde os membros antigos são aparentados com os membros mais novos. Um 'Meta-Mapa' possibilita que os líderes vejam o que acontece depois que cada pessoa se reuniu em adoração corporativa: aonde elas vão? Qual a tarefa que estão levando com elas? Qual o estágio de vida que estão ocupando? ... Cada símbolo visual no 'Meta-Mapa' representa um líder a ser supervisionado, um sítio de treinamento para a produção de um aprendiz..." (Carl F. George - "The Coming Church Revolution", p. 246). Longe de serem liberalmente organizados e estarem sob a direção do Espírito Santo, os grupos de células são fortemente controlados dentro da hierarquia da igreja.

Seus proponentes sentem que "a igreja embasada no programa tradicional nãopode conter o futuro reavivamento" (Larry Stocksill - "The Cell Church", p. 17). As linhas seguintes descrevem uma reunião ideal de células:

"Às vezes, no estabelecimento de um lar, cada pessoa se move numa área de vida, começando com um 'quebrador o gelo', como, naturalmente, em qualquer outro tópico de conversa. O líder do grupo coloca uma simples pergunta (escrita em cada lição), à qual cada pessoa deve dar uma resposta rápida ou engraçada. Um "quebrador de gelo" é indispensável, pois ele promove a comunidade de grupo e ainda abre uma possibilidade dos membros compartilharem. O próximo componente é uma discussão de quatro perguntas embasadas numa passagem da Escritura. Nossos grupos geralmente discutem o tópico do sermão do domingo passado... A lição termina com uma 'aplicação'... Após a lição, o grupo focaliza mais uma vez a oração e a 'visão'" (Ibid, ps. 135,136). Esta é dificilmente uma explanação de uma espontânea "igreja primitiva", onde cada pessoa seguia a direção do Espírito Santo. Compartilhar, segundo esse relato, o sermão do domingo passado? E onde fica o Espírito Santo nessa história?

Em sua excelente obra sobre o assunto, Tricia Tillin diz o seguinte:

"À primeira vista, parece existir pouca distinção entre as igrejas em células e as igrejas domésticas, pois a retórica parece idêntica. Ambas condenam as estruturas eclesiásticas das antigas denominações, ambas ressaltam a estrutura informal da igreja primitiva, apressando os cristãos a mudarem o pensamento sobre a maneira como a igreja deve ser organizada.

Contudo, os objetivos de cada uma são idênticos. Os cristãos poderiam ser desculpados por acreditarem que as igrejas em células constituem outro método - um método recomendável - de evitar o apascentamento austero, deixando claro que os anciãos não exigem tanta autoridade, resultando em nada a ser feito pelos membros da igreja, exceto o dever de se submeterem e obedecerem como ovelhas.

Infelizmente, porém, o contrário é que é verdade, pois, conforme veremos, o sistema da igreja em células se destina a reforçar a mais estrita obediência à nova ordem do governo apostólico, assegurando que essa obediência seja difundida pelos comandos locais e, eventualmente, pelo mundo inteiro(ênfase do autor).

(Veja "Transforming Church, Tricia Tillin:
http://www.banner.org.uk/apostasy/cell-church7.htm
.)


Conforme ressalta a escritora Tricia, o propósito desse movimento é apresentar a "nova ordem eclesiástica" da revelação do governo apostólico e profético (extra-bíblico). Tricia chega ao ponto de citar o escritor britânico Brian Mills, líder sênior do movimento de reconciliação cultural e autor do livro "Sins of the Father" (Pecados do Pai), cujos escritos estão no website DAWN International, o qual diz que:


"Deus está transacionando o seu povo. É tempo de se preparar... tempo de mudança. Ele está colocando a Igreja em seu devido lugar e compreensão, através dos quais ela possa cumprir o seu propósito na terra... Ele está querendo que a Igreja encha a terra com a Sua glória, a fim de que ela seja subjugada, para Ele ter domínio sobre a mesma. Ele está querendo que ela cumpra os seus propósitos no Cosmo. Ele quer que ela triunfe sobre os principados e potestades... Um movimento espiritual paradigma já se encontra em movimento, numa porção de frentes e de várias maneiras... Uma redefinição das compreensões geralmente mantidas e de conceitos familiares. Nesse sentido temos entendido que os aspectos de Sua vontade não têm sido suficientes para deslanchar a colheita final e expressar a Sua vontade, assim na terra, como no céu... Em vez disso, temos visto igrejas em termos de moldes denominacionais... Todas essas definições serão redefinidas - pois são delimitadoras e seccionais. Existe apenas uma igreja na terra - a de Jesus Cristo.

Falamos agora das Igrejas em Células, igrejas jovens, igrejas das crianças, igrejas domésticas. Precisamos permitir outra expressão de igrejas nos locais de trabalho, nas instituições e em comunidades, onde não seja apropriado existir um modelo denominacional... Elas devem ser também definidas em termos relacionados às necessidades... Serão redefinidas no emprego. O negócio modelará a igreja para os seus empregados e clientes. As pessoas que trabalham em diversão e nas artes deveriam compor a sua igreja conforme os seus próprios termos e premissas.

Os pastores não mais verão o seu ministério simplesmente em termos de apascentar um grupo específico de psoas chamado congregação. Eles serão convocados a cooperar através das nascentes e das fronteiras, de modo a serem pastores de cidades. Desse modo eles começarão a ter responsabilidade diante de Deus pela sua cidade e todas as suas expressões de vida. Eles vão pastorear o governo local, a polícia, os serviços de educação. Vão pastorear as áreas da cidade ainda não atingidas, procurando expressar, ali, a igreja de uma nova maneira.
A batalha cósmica pelo controle do mundo se aproxima. Não devemos ver isso apenas em termos humanos, nesta área da globalização - mas também em termos cósmicos... A igreja precisa aprender a combater os poderes cósmicos das trevas - em unidade de coração, mente, vontade e propósito, em completa harmonia com os propósitos divinos... É tempo da igreja, como entidade corporativa, descobrir como operar em uníssono" (Brian Mills, Outubro 2000).


Mills conclui: "O que significa substituir os sistemas de congregações locais por pastores autônomos? É a Igreja Universal organizada em pequenas células, facilmente monitoradas, todas elas dirigidas por monitores aprovados, anciãos e grupos apostólicos, por toda a cidade, especialmente treinados, os quais, por sua vez, darão contas e serão controlados pelo governo apostólico central, o qual estará nas mãos de figuras como Peter C. Wagner, o apóstolo principal" (Ibid, Ticia Tillin, Parte 7). Agora já conseguimos ver o poder dessa enganosa sedução. As citações acima dizem um bocado em poucas palavras. Elas vão desde as igrejas em células até o dominionismo dos apóstolos e profetas - querendo tomar conta da terra para estabelecerem Cristo e a Igreja:

Ralph Neighbors popularizou o Movimento da Igreja em Células em seu livro "Where Do We Go From Here?" (Para Onde Iremos a Partir Daqui?), no qual ele diz:


"As igrejas em células são o único meio pelo qual a comunhão pode ser experimentada por todos os cristãos... O grupo de células não é apenas uma porção da vida da igreja a ser apreendida com uma dúzia de outras organizações. É a vida da igreja e quando ela existe apropriadamente, todas as demais estruturas competitivas já não são necessárias, nem válidas" (livro supra citado, p. 86). 
Ele acredita que este é o modelo do Novo Testamento e que uma célula é realmente uma pequena comunidade. Mas na prática uma célula sempre se divide e entre pessoas não é possível construir uma amizade duradoura em termos de relacionamentos.



Pensamento de Grupo


Quem desejar pesquisar detalhadamente os vários livros escritos sobre o assunto, poderá descobrir que o objetivo do Movimento da Igreja em Células é obstruir o pensamento dos indivíduos e levá-los a confiar no grupo - "pensamento de grupo". Vamos falar sobre o controle da mente e o engodo. O grupo de células é inteiramente controlado e coreografado através da construção de processos de consenso e de resolução de conflitos. Conforme diz Berit Kjos em sua obra "Brave New Schools", na qual ela fala do processo dialético que envolve os estudantes (o qual poderíamos substituir por membros de células): "Nada existe de inerentemente errado com uma livre troca de fatos e idéias. As discussões organizadas até podem ser boas, neutras ou manipuladas, dependendo do propósito, direção e controle. Porém, quando os professores (líderes de células) promovem as discussões em grupos embasadas em informações próprias, na direção de um consenso antecipadamente planejado, ou a conclusões que conflitam com valores prioritários, estão manipulando os estudantes (membros de células) (p. 70).

O objetivo do Movimento de Crescimento da Igreja é conseguir um movimento paradigma infiltrado em nosso pensamento, vendo os seus pastores como "agentes de mudança". Eles usam as reuniões de pequenos grupos para desafiar antigos paradigmas e meios de pensar, transformando-os gradualmente. Conforme cita Tracia Tillin:

"No website de Berit Kjos encontra-se uma excelente explanação deste processo:

'Quando a Palavra de Deus é dialogada (em vez de ser didaticamente interpretada) entre os crentes e descrentes, com múltiplas versões bíblicas utilizadas (desencorajando-se a leitura da BKJ) e o consenso é alcançado - acordo com o qual todos se sentem confortáveis - logo a Palavra de Deus é diluída de modo tão sutil que os participantes são condicionados a aceitar (e até mesmo a celebrar) o seu compromisso (síntese). A nova síntese torna-se o ponto de partida (tese) para a próxima reunião e o processo de mudança (inovação) continua. O temor da alienação do grupo é a pressão que impede o indivíduo de permanecer firme na verdade da Palavra de Deus, fazendo-o permanecer calado (auto-editado). O respeito humano (rejeição) supera o temor de Deus. O resultado final é um "movimento de paradigma" em como alguém processa a factual informação". ("What's Wrong With The 21st Century Church?'" (O Que Há de Errado com a Igreja do Século 21?), Dr. Robert Klenck).

"O que os líderes das igrejas em células desejam é o experimental conhecimento de Deus, uma intimidade espiritual, sinais miraculosos, grupos entrelaçados, mãos levantadas, canções e danças, diversão e emoção. O estudo, ensino e pregação da Palavra são deixados de lado, e em alguns casos abandonados, sendo a maior ênfase colocada em satisfazer as necessidades sentidas pelas pessoas, relacionando umas com as outras e "compartilhando" atividades sociais, psicologia, aconselhamento, e usando-se recursos espirituais para efetuar mudanças nas pessoas que freqüentam, ou sobre as que estão sendo trazidas ao grupo. Desenvolver a vida comunitária é considerado muito mais importante do que estabelecer a verdade objetiva no coração do indivíduo" (Ibid, Tracia Tillin, parte 7).



Análise


Existe algo sutilmente atraente sobre o movimento da "igreja em células", pois ele parece estar nos conduzindo de volta aos singelos encontros domésticos da igreja primitiva. Contudo, o clero ainda existe, mas para o propósito de treinamento, supervisão e desenvolvimento das células - elogiável, se fosse apenas isso que ali houvesse. Eles usam o exemplo da China e dizem que se a igreja institucional fosse fechada, suas células continuariam... e até pode ser.

Confio em que você vai pedir que o Senhor lhe dê uma revelação, à medida em que você for lendo estas simples palavras de Efésios 3:14-21:

"Por causa disto me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, do qual toda a família nos céus e na terra toma o nome, para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior; para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, a esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém".

"Nascemos de novo" em Sua família e o nosso homem interior é fortalecido através do Seu Santo Espírito. A passagem nada fala a respeito de ir à igreja, participar de programas, de estrutura hierárquica, ou mesmo de reuniões, mas de um relacionamento com Deus e com o próximo. Se cada membro tiver esserelacionamento com Cristo, Ele fará fluir vida de um para o outro. Somente quando um membro tem esse relacionamento com Cristo é que ele flui vida e amor entre os demais e, então, podemos compreender com todos os santos o amor de Cristo. Ela não diz que o pastor ou o líder do grupo de células faz tudo isso, nem ainda que apenas devemos segui-lo. Mas que o corpo exige que todos os membro funcionem e permitam que a vida de Deus flua através dele. Deus não é glorificado por um super-star pregando para grandes multidões, mas no funcionamento de cada membro do Seu corpo corporativo - a Igreja. Você recebe vida diretamente do Senhor, por estar diretamente conectado ao corpo de Cristo e aos demais membros vivos.

Isso agora pode parecer fantasioso e nada prático, uma vez que dificilmente você pode conseguir alguém envolvido nestes dias. Além disso, a média dos cristãos "freqüentadores da igreja", não tem muita experiência verdadeira com Cristo, na base do dia a dia. Eles não têm muito o que compartilhar ou dizer, porque estão por demais ocupados com seus empregos, servindo os seus patrões e se colocando diante da TV, à noite, simplesmente para vegetar, enquanto chega a hora de irem para a cama, e acordam na manhã seguinte,para repetir todo o processo, novamente. Se você diz que é para isso que levantamos pastores, então é porque está atado a uma vida de imaturidade, engano e morte. Jamais terá maturidade em Cristo, nem conseguirá sólidos relacionamentos com outros cristãos, para suportar este tempo mau.

Os grupos da igreja em células são muito semelhantes, historicamente, às células usadas nas sociedades comunistas e servem para reeducar as massas. Seu propósito é controlar e fazer lavagem cerebral. Eles o conectam a relacionamentos que, no final, comprovam ser mais fortes do que a verdade. No último capitulo nós frisamos que Rick Warren disse que, estatisticamente, se as pessoas têm pelo menos sete amigos, a igreja poderá segurá-las. Contudo, existe uma grande divisão a caminho. Ao falar dos tempos finais, Jesus disse em Lucas 21:16-17: "E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do meu nome". Você deve amar a verdade mais do que quaisquer relacionamentos:

"Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo" (Lucas 14:26).

Existem fraudes pretendendo enganá-lo, apresentadas em vasos novos, um movimento paradigma pelos "pastores agentes de mudança", prometendo trazer de volta os modelos bíblicos, mas tenha cuidado! Tudo isso não passa de engodo. Ele parecerá bom e enganará a todos, exceto àqueles que tenham aprendido a escutar a Sua voz. Aqueles a quem você mais ama irão tentar e conseguirão fazê-lo apostatar. Mas você não precisa estar totalmente sozinho.

Existe alguma verdade no que os defensores da igreja em células dizem. Precisamos de outros cristãos. Não podemos resistir sozinhos; então peça que o Senhor o conduza àqueles que pensam do mesmo modo como você pensa. Como veremos no próximo capítulo, Jesus fala sobre nós sermos a videira, não uma árvore. Cada cristão está diretamente conectado à Videira. Os artelhos recebem ordens da cabeça, não do pé. Não existe hierarquia de autoridade sob a Nova Aliança. Cada membro do corpo precisa funcionar. Não são ofícios eletivos nem posições, mas funções de vida. Nenhum membro é maior nem melhor que o outro. Não estão conectados por pertencerem à mesma organização, mas por compartilharem uma vida comum e essa vida deve ser expressa de CADA membro para o outro.

Ao contrário das discussões guiadas pelos líderes do "grupo da célula", deveríamos aprender a seguir a liderança do Espírito Santo. Deveríamos olhar firmemente para Jesus, para Quem Ele é e o que está fazendo em nossas vidas. Pelo que você precisa agradecer? Em outras palavras, quais as experiências reais, atuais e novas que tem no seu relacionamento pessoal com Jesus Cristo? Se você não tem experiência alguma, seria melhor voltar ao comitê. O que será do Seu corpo, se as pessoas não estiverem compartilhando o que Ele tem feito em suas vidas, visto como Ele está vivo em seus santos? Seria preferível escutar o que o Senhor fez esta semana, na vida de dez "donas de casa" e como o Senhor está tratando com elas, do que escutar um eloqüente pastor treinado num Seminário. Deus está (ou deveria estar) tratando conosco, todo dia. Mas se Ele não for ativo em sua vida, é melhor que você corra a entreter-se em adoração, em algum grupo ou com algum pastor. Vá lá, sente-se e cole os ouvidos, junto com as massas, enquanto é alimentado com leite e mediocridade provindos do púlpito. Quando você começa a escutar a voz dEle, permitindo que Ele se revele e trate com você, então vai ter muito o que compartilhar numa reunião com outros cristãos, os quais também tenham idênticas experiências.

A verdadeira "vida da igreja" depende da união das várias partes vivas do corpo. Se cada membro foi "vivificado", experimentando o Senhor cada dia, algo maravilhoso acontece, quando os cristãos se reúnem. Quando, porém, o cristão está "morto", ele só pode mesmo esquentar um banco na igreja ou em outro lugar. Não se trata de encontrar um momento certo para se encontrar. Nem como isso é feito. Não se trata de ter-se "preparado para um ajuntamento", não se trata de forma ou método... Trata-se da vida em Cristo. Você está espiritualmente vivo ou morto? A igreja está repleta de cadáveres espirituais e de bons atores.

Quando temos um vibrante relacionamento com o Senhor, temos muito para compartilhar e nos edificar mutuamente. Quando não temos um novo relacionamento com Ele, sentimo-nos culpados e vazios, criticando os outros e nos aborrecendo. E quando não recebemos o alimento e os cuidados desejados, logo ficamos zangados. Não existe um projétil mágico, nenhum sistema ou organização, nem forma de reunião. A legítima "vida da igreja" deve ser espontânea e liderada pelo Espírito - não organizada num programa escrito para se seguir uma forma ou modelo de adoração.

Você pode cantar ou não. Pode simplesmente compartilhar experiências. Pode orar espontaneamente, ler a Palavra ou compartilhar o que o Senhor fez em sua vida ou lhe mostrou durante a semana. Então vai descobrir como tudo se encaixa, pois o Espírito Santo vai conduzi-lo e a maioria de suas reuniões seguirá usualmente um tema (por Ele selecionado). Você vai ficar maravilhado, quando notar que todos tiveram idênticas experiências.

Você não pode fingir. Se o Senhor trabalhou em sua vida durante a semana, vai ter algo para compartilhar, para O louvar, para agradecer-Lhe, compartilhando como Ele o tem usado, etc. Se você for hipócrita, vai sentir isso e os outros também sentirão. Saiba que Igreja do Senhor está exatamente onde dois ou três se reúnem em o Seu Nome. É agradável estar com vinte ou trinta pessoas, mas não se trata do número de pessoas, mas do fator "vida". Se você conta "estórias" de como o Senhor agiu com você há 20 anos, ou fala sobre o último livro que leu, isso não funciona. Esta é a revelação de outra pessoa. Você precisa do maná fresco, diariamente, senão ele mofa. Experimente o Senhor cada dia. Não confie no que Ele lhe fez há 10 anos, quando mal está se mantendo de pé, neste momento.

Reuniões não dependem de um líder orientando você através de um série de perguntas objetivadas a conduzi-lo a uma lavagem cerebral. Elas dependem de sua capacidade de sentir a liderança do Espírito Santo e segui-la. Uma vez, Ele poderá conduzi-lo a louvar e agradecer, ou apenas a orar. Outra vez, a um aberto compartilhamento sobre o que o Senhor fez em sua vida. Focalize o que é novo, vivo e real, não algo que tenha lido ou escutado de outras pessoas. Se houver uma pessoa musical, então cante! Ótimo! Não existe uma forma escrita, que seja certa ou errada. Imagine estar apertado dentro de um cômodo, com um chão encardido e pouca luz, junto com outros cristãos primitivos, numa grande descrição de um encontro da igreja primitiva, conforme Efésios 5:18-20:

"E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito; falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração; dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo"

Os primeiros cristãos podem ter sido perseguidos, mas cantavam, compartilhavam e davam graças. Precisamos gastar menos tempo falando do que aprendemos com os outros, fofocando e nos queixando, e mais tempo dando graças e olhando à frente, para o Senhor e para o que Ele está realizando agora em nossas vidas. Então, nossas reuniões serão ricas e significativas.

Os versos acima nos ordenam a nos submetermos uns aos outros, não em termos de hierarquia ou de posição. A Bíblia fala de atitude, espírito e respeito mútuo e das necessidades de todos os membros do corpo. Paulo fala da Igreja, nos seguintes termos, em Romanos 12:3-8:

"Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um. Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros. De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria".

Ele não fala de opiniões nem de posições, mas de funções. Somos membros do mesmo corpo, mas com diferentes funções e para que haja um corpo saudável cada membro deveria ter a sua função. Você não precisa ingressar numa Escola Bíblica ou num Seminário. Não deveríamos pensar tanto em nós mesmos, porém reconhecer a medida de cada membro. Cada um deve funcionar conforme os seus dons e com a vida que Deus lhe deu. Não existe hierarquia, apenas funções diferentes. Nenhum membro é mais importante do que o outro e ninguém deve "governar" sobre os outros.


Tudo isso é apenas um eco distante das igrejas em células. Em seguida, vamos passar ao estreitamente controlado Movimento dos Apóstolos e Profetas [capítulo 10], onde veremos como tudo está inteiramente conectado.






Publicado em 2/28/2008
Dene McGriff / Mary Schultze, setembro 2006
"Spiritual Counterfeits - The Cell Church" - Capítulo 9 do livro "Recognizing the Deception".


"Spiritual Counterfeits - The Cell Church",
Capítulo 9 do livro "Recognizing the Deception".
Dene McGriff/Mary Sch

Refutação bíblica da heresia chamada de cura interior



Sinto em ter que citar isso, mas é a pura verdade: “É compreensível que o mundo rejeite a água viva [Jesus Cristo] quando busca compreender e ajudar os que sofrem de problemas vivenciais. Contudo, à medida que o mundo passou a rejeitar as respostas bíblicas, a igreja começou a duvidar de sua própria doutrina de pecado, salvação e santificação no que se refere a sofrimentos mentais, emocionais e a problemas comportamentais”. (Livro Aconselhamento – Integrando a Psicoterapia e a Bíblia? Página 64). Infelizmente, “o caminho psicológico usurpou o lugar do caminho espiritual; as opiniões psicológicas do homem têm contaminado a Palavra de Deus” (Idem, página 65). 

Definição

 
Cura interior (psicoterapia), também chamada restauração da personalidade e restauração da alma, é um movimento neopentecostal moderno que visa a descoberta e o tratamento de problemas emocionais, como medo, complexos (de inferioridade, rejeição etc.), baixa auto-estima no intuito de que as pessoas sejam tratadas no espírito, na alma e no corpo, com ênfase na cura da alma.Coisas do passado que foram causa de sentimentos ou pensamentos negativos devem ser tratadas desde a raiz, segundo os teóricos da cura interior. A cura interior dá-se a partir de conhecimentos na área de psicologia, com aplicações de passagens bíblicas respectivas, oração, dentre outras coisas.É um termo muito usado atualmente, principalmente nas igrejas que aderiram ao G12 ou em outras simpatizantes com essa nova crença.

Somente a conversão pode restaurar o homem.

 
A derrocada tentativa da cura interior de restaurar o velho homem é uma flagrante usurpação do papel da salvação na vida do cristão. Se analisarmos a doutrina da salvação à luz da Bíblia, concluiremos que salvação é “restaurar o que a queda causou”. Ora, somente com a salvação vinda de Deus o homem pode ser restaurado. Se houvesse alguma ferramenta humana para isso Deus não teria enviado seu Filho ao mundo para nos salvar. A Bíblia nos aponta que Jesus é o salvador: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido”. (Lc.19.10). Seu nome é a expressão da salvação de Deus, que vem do hebraico “Yehovshua”. Quer dizer “o SENHOR é a salvação”. Toda a ajuda vem do alto e não da terra. Quando Jesus falava de novo nascimento a Nicodemos (Jo.3.3,5), a palavra empregada no texto grego para nascer “de novo” é “anothen”, que quer dizer: de cima, do alto, de coisas que vem do céu. Em fim, para quê restaurar o homem com auxílio de ferramentas carnais, terrenas, se nós temos a providência vinda do céu? Bem disse o apóstolo Paulo: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo”. (2Co.10.4,5). Não precisamos utilizar da cura interior para restaurar a alma do homem, pois a ação do alto é suficiente. E quando teimamos nisso anulamos a cruz de Cristo. O apóstolo Paulo nunca ousou fazer uso de ferramentas humanas para trazer restauração nas pessoas: “Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo”. (1Co.1.17). Note o cuidado de Paulo para não introduzir em sua mensagem de restauração ferramentas de sabedoria humana.

Jesus é suficiente. 

 
Disse Jesus: “Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”. (Mt.11.28). Não tem como fingir ou fugir dessa realidade. Ora, se Jesus nos chama até ele e nos promete o alívio, porque buscar outras fontes se creio que Jesus é suficiente na minha vida? Na verdade, muitos pastores e cristãos estão negando a suficiência de Cristo em suas vidas. Só Jesus conhece o coração humano e sabe como tratá-lo. Só ele pode fazer com que o homem seja restaurado. Na conversão, Jesus passa a fazer morada dentro do coração humano: “Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada”. (Jo.14.23). Como uma pessoa tem Cristo em seu coração e apela para práticas da cura interior para tratar-se? É justo o questionamento de Paulo quando diz: “Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados”. (2Co.13.5). O grande problema hoje é que os crentes não estão se convertendo, daí apelam para recursos carnais de tratamento do coração (alma).

Implantar a cura interior na vida cristã é uma negação da suficiência da santificação.


Todo o processo da santificação na vida daquele que foi verdadeiramente convertido é constante, crescente e eficaz. Como figura muito a Bíblia: “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”. (Pv.4.18). O escritor aos Hebreus fala da santificação como um caminho a seguir: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. (Hb.12.14). Não podemos burlar esse processo ou adiantá-lo com técnicas da cura interior. Tolo é aquele que pensa que a santificação é só para separar-nos do pecado. Não, a santificação tem o papel de nos limpar de todas as mazelas do pecado. E o pecado é a causa de todas as enfermidades físicas, emocionais e espirituais. Não fique admirado com o que vou dizer, mas todos os que seguem pelas ferramentas da psicoterapia, auto-ajuda, cura interior, etc., têm uma deficiência de entendimento das doutrinas bíblicas: do pecado e da salvação (justificação, regeneração e santificação).Vejamos os efeitos da santificação na vida daquele que faz parte da Nova Aliança:

A promessa da Nova Aliança em Ezequiel 11.19 envolve: um coração unido e não mais dividido entre traumas e Deus. Não há espaço para dor e sofrimento no coração daquele que se converteu. Deus promete colocar um novo espírito. Isto é, um novo modo de ser, novas atitudes. Mudança de coração, não mais um coração de pedra, doente, de memórias tristes, mas um novo coração. Sensível a Deus.

A promessa da Nova Aliança em Jeremias 31.31-34 envolve: um cuidado de Deus não como na aliança anterior, que tratava o exterior, mas não atingia o interior do homem (v.32). Uma aliança diferente da anterior que tinha um tabernáculo para Deus se fazer presente, mas uma nova, de Deus habitando no homem. Onde o próprio corpo do homem se torna templo e morada do Espírito de Deus (1Co.6.19). E sendo essa habitação, torna-se morada santificada, restaurada, curada para Deus morar. Um cuidado interior trazendo mudança interior. Escrevendo a Lei divina no coração e mente (v.33). Trazendo benção e cura interior dia após dia na vida do convertido. Ele não precisa verificar o que está certo ou errado moralmente falando, pois tem dentro de si a lei divina. Uma aliança onde todos os pecados são perdoados, dispensando lembranças tolas do que se fez de errado (v.34). Não tem como ser mais o mesmo um coração onde a Lei divina foi escrita; não tem como uma mente em que foi impressa a Lei do Senhor e não ser restaurada e renovada.

Tudo isso ocorre no convertido através da santificação. Todavia, a psicoterapia e todos os seus desdobramentos e práticas negam a suficiência da santificação. Embora alguns palestrantes evangélicos de cura interior não admitam essa afirmação; por mais que apregoem como ferramentas de auxílio na santificação, na prática o fazem. Como é de práxis, nas heresias e controvérsias, os divulgadores apelam para a ambigüidade e eufemismo em seus discursos defensivos. Negam de fato a suficiência da santificação.

A história do cristianismo depõe contra a cura interior.
 

Quando ouvimos o discurso dos seguidores desse modismo, percebemos que querem nos convencer de que há pessoas na igreja que estão doentes na alma e precisam ser tratadas. Todavia, como fica a igreja no decorrer de todos os séculos antes de existirem as práticas de cura interior? Todos morreram “doentes” até que finalmente a igreja veio a contar com essa “tábua de salvação”? Ora, o primeiro laboratório psicológico foi fundado pelo fisiólogo alemão Wilhelm Wundt em 1879 em Leipzig, na Alemanha. A prática da cura interior ainda é mais atual. Desconfie de movimentos que prometem a “descoberta da roda”. Todos os cristãos desde o primeiro século até antes das tais “terapias da alma” estavam fadados a doentes e mazelados? É inconcebível essa apelação dos gurus da psicologia gospel diante do testemunho triunfante da história da igreja até hoje. De vidas libertas, transformadas, curadas e perdoadas através da fé no Senhor Jesus Cristo, da cruz, do poder da Palavra de Deus e da ação do Espírito Santo em suas vidas.

A cura interior é uma afronta a sã doutrina.

 
Finalmente, as Escrituras nos ensinam: “Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina”. (Tito 2.1). A sã doutrina é o ensino puro, sem mistura sobre as verdades bíblicas, inclusive as verdades que citei aqui, como a do pecado, santificação, conversão, mente cristã, restauração, Nova Aliança, etc. Se você mistura à esses assuntos as teorias da psicoterapia/cura interior pode está certo que está tornando impuro a doutrina cristã. Já não é mais sã. Por isso que afirmo ser uma afronta a sã doutrina. Pois todo o ensino necessário para a vida do cristão já existe e é suficiente:

“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça”. (2Tm.3.16).

“Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito, a fim de que, pela paciência e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”. (Rm.15.4).
 

por Daniel D. 

Fonte: Anti-Heresias
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